terça-feira, 14 de julho de 2020

Osho - Religião sem religião



Lembre-se da palavra "livre": toda a gente é independente, toda a gente é livre de viver à sua maneira, de me interpretar à sua maneira, de encontrar aquilo que quiser encontrar. Pode descobrir de que forma quer viver - e cada pessoa o fará à sua maneira.

O cristianismo, o hinduísmo, o budismo, o jainismo, o islamismo - são apenas ideologias, dogmas, credos; são apenas cultos. A verdadeira religião não tem nome, não pode ter nenhum nome. Buda viveu-a, Jesus viveu-a - mas lembre-se de que Jesus não era cristão e Buda não era budista, eles nunca ouviram essas palavras. As pessoas verdadeiramente religiosas foram simplesmente religiosas, não foram dogmáticas. Existem trezentas religiões no mundo! Se a verdade é só uma, como é que pode haver trezentas religiões? Só existe uma ciência, mas há trezentas religiões?

Se a ciência que se ocupa da verdade objetiva é uma só, então a religião também é uma só, porque se ocupa da verdade subjetiva, do outro lado da verdade. Mas essa religião não pode ter nenhum nome e não pode ter nenhuma ideologia.

Eu dou-lhe o método para se tornar receptivo ao divino. Eu não digo nada sobre o divino, digo-lhe simplesmente "a janela é esta - abra-a e vai ver a noite estrelada".
Mas essa noite estrelada é indefinível. Quando você a vir através da janela aberta, vai perceber isso. Ver é conhecer - e ver também deveria ser existir

Por isso, todo o meu esforço é existencial, não é, de modo nenhum intelectual. E a verdadeira religião é existencial. Sempre aconteceu apenas para algumas pessoas e depois desaparece da terra porque os intelectuais a agarram imediatamente e começam a fazer belas ideologias sobre ela - organizadas, limpas e lógicas. Com esse esforço, eles destroem a sua beleza. Eles criam filosofias e a religião desaparece.

Por isso, lembre-se: você não vai ser iniciado numa determinada religião; você está a ser iniciado apenas na religiosidade.

É vasta, imensa, ilimitada - é como todo o céu.

E nem mesmo o céu é o limite, portanto abra as suas asas sem medo algum. Toda esta existência nos pertence; este é o nosso templo, esta é a nossa escritura. Menos do que isto é obra do homem, é fabricado pelo homem. Não interessa muito onde é que é fabricado - cuidado com as religiões fabricadas de forma que você não possa conhecer a verdade, que não é feita pelo homem. 

Ela está ao seu dispor nas árvores, nas montanhas, nos rios, nas estrelas - em si, nas pessoas que o rodeiam - está ao seu dispor em toda a parte.



Fonte: Livro "Autobiografia de um místico espiritualmente incorrecto", Osho, Editora Pergaminho



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