segunda-feira, 27 de julho de 2020

Osho - Como posso eu ser quem sou ?




Isso deveria ser a coisa mais simples do mundo, mas não o é. Para você ser quem é, não precisa fazer nada, pois você já o é. Que mais poderia fazer? Como poderia você ser outra pessoa? Mas eu percebo qual é o problema. O problema surge porque a sociedade corrompe todos. Corrompe a mente e o ser. Carrega-o de imposições e você perde contacto consigo próprio. Tenta fazer com que você seja algo que não está destinado a ser. Desconcentra-o e desnorteia-o. Afasta-o de si próprio. Ensina-o a ser como Cristo ou como Buda, a ser isto ou aquilo, mas nunca o ensina a ser quem você é. Nunca lhe dá a liberdade de ser; impõe imagens estranhas, vindas do exterior, na sua mente.

É então que surge o problema. Você pode, quando muito, fingir, mas, quando finge, você nunca está satisfeito. Você quer sempre ser quem é - o que é natural - e a sociedade não lho permite. Quer que você seja outra pessoa. Quer que você seja falso. Não quer que você seja real, porque pessoas reais são rebeldes, não se controlam tão facilmente, não se deixam arrebanhar. As pessoas reais vivem a sua realidade à sua própria maneira. Não se deixam sacrificar em nome de uma religião, de um estado, de uma nação ou de uma raça. Não se deixam seduzir por qualquer sacrifício. As pessoas reais estão sempre do lado da sua própria felicidade. A sua felicidade é um fim em si própria; não a sacrificam por nada. É por isso que a sociedade aliena todas as crianças; ensina-as a ser outras pessoas. E, pouco a pouco, elas aprendem a ser pretensiosas e hipócritas. E - o mais irónico - a mesma sociedade começa a perguntar: "O que se passa?" "Porque é que estás triste?". Primeiro corrompem-no, afastam-no do caminho da felicidade - porque só há uma felicidade possível, que é ser-se o próprio - depois perguntam-lhe porque é que está triste e infeliz. Depois ensinam-lhe formas de ser feliz. Primeiro, fazem com que adoeça e depois vendem-lhe remédios.

Você pergunta: "Como posso eu ser quem sou?" Basta libertar-se das pretensões, desta necessidade compulsiva de ser outra pessoa, do desejo de ser como Cristo, Buda, ou o seu vizinho. Liberte-se da competição e da comparação e será quem é. Você está sempre a pensar em termos daquilo que os outros conseguem. Os outros têm carros e casas grandes e você sente-se infeliz. Eles sobem na hierarquia do poder e da politica e você sente-se infeliz. Liberte-se de comparações! Você é único! Ninguém é como você, nunca ninguém o foi e nunca ninguém o será. Você é simplesmente único - e quando eu digo que você é único, não estou a dizer que seja superior aos outros. Estou simplesmente a dizer que eles também são únicos. Ser único não é uma comparação, é tão natural como respirar. 

Não se compare com ninguém. Comece a desfrutar daquilo que você é e desfrute dos momentos que tem.



Fonte: Livro "Alegria - A Felicidade Interior", Osho, Bertrand Editora


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